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Títulos Emitidos Pelas Sociedades Anônimas: Uma Análise Jurídica

Atualizado: 27 de set.

As sociedades anônimas desempenham um papel crucial na economia moderna, atuando como veículos importantes para o financiamento de atividades empresariais através da emissão de títulos. Estes instrumentos financeiros não só possibilitam às empresas captar recursos de uma ampla base de investidores mas também oferecem a estes uma variedade de opções para aplicação de seus capitais. O direito societário, por sua vez, estabelece o regime jurídico desses títulos, definindo suas características, direitos e obrigações associados. Este artigo visa explorar os principais títulos emitidos por sociedades anônimas: ações,  bônus de subscrição, partes beneficiárias, debêntures e commercial papers, destacando suas particularidades legais.




Ações

Dentro do universo corporativo, particularmente nas sociedades anônimas, as ações representam o mecanismo principal através do qual o capital social da empresa é dividido. Legalmente tratadas como bens móveis, conferem ao titular a posição de sócio, conhecido como acionista, e trazem consigo um conjunto de direitos, deveres e obrigações, estipulados pela Lei nº 6.404/1976 (Lei das S.A.).

Para facilitar a captação de investimentos e satisfazer os interesses variados dos investidores, as ações são categorizadas em diferentes espécies e classes, cada uma com características específicas relativas a direitos e formas de transferência.


As ações podem ser classificadas em ordinárias, preferenciais e de fruição:

·       Ações Ordinárias: Proporcionam ao acionista os direitos básicos de sociedade sem privilégios especiais, mas também sem restrições específicas.

·       Ações Preferenciais: Oferecem vantagens e preferências, que podem incluir prioridade na distribuição de dividendos ou no reembolso de capital, mas podem limitar outros direitos, como o de voto.

·       Ações de Fruição: Emitidas em substituição às ações amortizadas, representam direitos residuais na empresa após a amortização.


As ações se diferenciam também pela forma como são transferidas, podendo ser nominativas ou escriturais, com cada tipo tendo um método específico para a efetivação da transferência de propriedade.




Independente da espécie da ação possuída, certos direitos fundamentais são assegurados a todos os acionistas, incluindo participação nos lucros, fiscalização da gestão, e preferência em subscrições futuras, garantindo uma base de equidade entre os investidores.

As ações ordinárias normalmente conferem direito a voto nas assembleias, enquanto as preferenciais podem ter este direito restrito ou ausente. A lei protege contra o abuso desse direito, visando preservar o interesse coletivo da companhia e de seus acionistas.

Além das ações, as sociedades anônimas podem emitir outros valores mobiliários, como as debêntures, partes beneficiárias, bônus de subscrição e commercial papers, cada um com características próprias e destinados a diferentes objetivos de financiamento.


Debêntures

As debêntures representam uma modalidade de financiamento a longo prazo para as companhias, funcionando como uma forma de empréstimo em que a empresa se compromete a reembolsar o valor captado aos investidores, com juros, em condições previamente estabelecidas. São títulos de dívida que garantem aos seus detentores direito de crédito contra a emissora. Diferentemente das ações, os detentores de debêntures não têm direito a voto nas assembleias da companhia, mas podem ter a opção de converter seus títulos em ações, conforme estipulado na escritura de emissão.


Partes Beneficiárias

Partes beneficiárias são títulos negociáveis que não representam frações do capital social, mas conferem aos seus titulares o direito de participar dos lucros da companhia. Embora não concedam status de acionista nem direito a voto, permitem que os detentores fiscalizem os atos administrativos da empresa. A emissão de partes beneficiárias é uma forma de remunerar colaboradores ou prestadores de serviços sem alterar a estrutura acionária da companhia. Sua emissão é limitada a um décimo dos lucros da empresa, e sua conversão em ações é proibida para companhias abertas.


Bônus de subscrição

Bônus de subscrição são títulos que conferem ao seu portador o direito de subscrever novas ações da companhia, normalmente a um preço predeterminado, em um prazo específico. Essa ferramenta é utilizada pelas empresas como uma maneira de captar recursos no futuro, mantendo o direito de preferência dos acionistas. Os detentores de bônus de subscrição podem, dentro do prazo estabelecido, decidir se exercem ou não o direito de adquirir mais ações, possibilitando um investimento adicional na empresa.


Commercial Paper

Commercial papers são títulos de curto prazo emitidos por empresas para financiar suas necessidades de capital de giro ou outras despesas operacionais imediatas. Esses títulos representam promessas de pagamento emitidas pela companhia e são uma alternativa ao financiamento bancário, oferecendo maior flexibilidade e, frequentemente, custos menores. Seu vencimento varia, mas geralmente não ultrapassa 360 dias, tornando-os instrumentos ágeis para gestão financeira das empresas.



Cada um desses instrumentos financeiros oferece à companhia emissora e aos investidores características e vantagens específicas, variando em termos de risco, retorno esperado e impacto na estrutura de capital e governança da empresa. A escolha entre emitir uma ou outra forma de valor mobiliário dependerá dos objetivos estratégicos da companhia, das condições de mercado e da preferência dos investidores.

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