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A importância do financiamento privado para o agronegócio brasileiro

Atualizado: 4 de dez. de 2023

A conquista da independência financeira do agronegócio brasileiro através da iniciativa privada.


O agronegócio atualmente representa uma parcela substancial da economia brasileira, contribuindo com, aproximadamente, 20% do Produto Interno Bruto (PIB) do país e desempenhando um papel social e político de grande relevância, ao empregar cerca de 19% da população economicamente ativa.


Dentro deste cenário, a questão do financiamento torna-se crucial para sustentar o desenvolvimento contínuo desse setor estratégico. Nesse contexto, as linhas de crédito rural de origem privada têm ganhado destaque progressivamente como alternativas às fontes de financiamento tradicionais de origem pública.


A relevância e abordagem do tema


O objetivo deste artigo é realizar uma análise acerca da importância do financiamento privado no contexto do agronegócio contemporâneo no Brasil. Para isso, serão abordadas as principais modalidades de financiamento privado disponíveis, destacando suas vantagens e benefícios em comparação com as opções convencionais, como o crédito rural público.


Por fim, almejamos demonstrar por que essas fontes de financiamento privadas são cruciais para atender à crescente demanda por recursos nesse setor estratégico para o país. Para ilustrar essa importância, recorreremos a dados e exemplos práticos.


O papel do financiamento no agronegócio brasileiro


O setor do agronegócio no Brasil apresenta uma forte dependência de financiamento externo para viabilizar seu ciclo de produção e comercialização. Essa necessidade decorre da natureza sazonal das culturas, que exige a injeção de recursos em um determinado período, aguardando o retorno financeiro após a colheita e venda dos produtos.


Além disso, a aquisição de terras, máquinas, equipamentos e infraestrutura produtiva requer um significativo volume de investimentos. Sendo, também, essencial dispor de recursos para manter o capital de giro, formar estoques e facilitar a comercialização da produção.


Assim sendo, a manutenção do notável crescimento do agronegócio brasileiro nas últimas décadas só se tornou possível graças ao contínuo influxo de capital externo, notadamente por meio do crédito rural. Portanto, é inegável questionar o papel essencial que o financiamento desempenha neste setor.


Historicamente, o crédito rural proveniente de fontes governamentais foi o principal motor do agronegócio brasileiro. Entretanto, na atualidade, o crédito privado vem ganhando um crescente destaque no cenário de financiamento, como será detalhado a seguir.


Principais modalidades de financiamento privado


Em razão das crescentes demandas por recursos, o agronegócio vem recorrendo, cada vez mais, a fontes privadas de financiamento. As principais modalidades existentes atualmente são:


  • Cédulas de Produto Rural (CPR): títulos de crédito emitidos por produtores e negociados com bancos e investidores;

  • Certificados de Direitos Creditórios do Agronegócio (CDCA): possibilita a captação via mercado de capitais;

  • Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FIDC): voltados a recebíveis do agronegócio;

  • Crédito via tradings: financiamento concedido pelas próprias empresas que compram a produção futura;

  • Parcerias com revendas de insumos: financiamento da lavoura via adiantamento de insumos por parceiros;

  • Fundos de investimento: captam recursos no mercado para aplicação em projetos do agro;

  • Securitização: transformação de recebíveis em títulos negociáveis no mercado de capitais.


Essas alternativas proporcionam fontes de financiamento alternativas que complementam as tradicionais linhas de crédito rural governamentais, desempenhando um papel fundamental na manutenção do setor.


Vantagens do financiamento privado


O financiamento via fontes privadas apresenta uma série de vantagens em relação às linhas públicas de crédito rural, quais sejam:


  • Menor burocracia para acessar os recursos;

  • Taxas de juros potencialmente mais atraentes;

  • Prazos de pagamento mais flexíveis;

  • Maior agilidade na liberação dos recursos;

  • Possibilidade de financiamento de necessidades não atendidas pelo crédito oficial;

  • Opções mais personalizadas e aderentes a cada projeto;

  • Aumento na concorrência do sistema de financiamento, beneficiando tomadores;

  • Maior sustentabilidade do setor, diminuindo a dependência por políticas públicas.


Embora as taxas do crédito subsidiado sejam menores, o custo efetivo pode ser mais alto devido à burocracia e morosidade. O crédito privado tende a ter processo mais eficiente e alinhado com as necessidades de cada tomador.


Benefícios garantidos através do financiamento privado


A crescente participação de fontes privadas no financiamento do agronegócio também gera benefícios relevantes para todo o setor, veja alguns exemplos.


  • Viabiliza o atendimento da crescente demanda por recursos — muitas vezes impossível somente via crédito oficial;

  • Permite um melhor planejamento financeiro dos negócios, conciliando diversas fontes conforme necessidades;

  • Agiliza o acesso a recursos em momentos cruciais, como plantio, colheita e comercialização;

  • Diminui risco de descontinuidade do financiamento sujeito a cortes no orçamento público;

  • Aumenta a cultura de mercado no agronegócio, com captação via instrumentos sofisticados;

  • Gera maior sustentabilidade e perenidade ao desenvolvimento do setor;

  • Impulsiona a competitividade do agronegócio brasileiro.


O financiamento privado, portanto, se mostra fundamental para complementar o financiamento público em diversos aspectos, e assim, sustentar o altíssimo nível de competitividade alcançado pelo agro nacional.


A utilização do crédito privado na prática


Para ilustrar melhor como isso funciona, veja alguns exemplos práticos da utilização bem-sucedida de instrumentos de financiamento privado por empresas do agronegócio brasileiro:


  • A multinacional Louis Dreyfus Company realizou captação de R$ 800 milhões em CPR para financiar a safra de 2019/2020;

  • A companhia de carnes Minerva captou R$ 500 milhões via CRA para capital de giro, pagando juros de CDI + 1,75% ao ano;

  • O grupo de agronegócios Tapajós levantou R$ 133 milhões por meio de emissão de CRA com prazo de 5 anos e custo de CDI + 2,25% a.a;

  • A trading Cargill obteve R$ 200 milhões junto a um fundo de investimento, com prazo de 1 ano a juros de CDI + 1,2% ao ano;

  • A produtora de soja Agrogen captou R$ 120 milhões em CRA para financiamento de capital de giro e comercialização da safra de 2018/2019.


Esses casos refletem, na prática, algumas das vantagens resultantes do financiamento privado, como captação de grandes valores, custo competitivo e prazos flexíveis. Além disso, também revelam o crescimento do apetite dos investidores por ativos do agronegócio brasileiro.


Conclusão


Diante do exposto, fica clara a importância do financiamento privado como um complemento essencial ao financiamento público, garantindo o contínuo desenvolvimento do agronegócio brasileiro. É inegável que as fontes privadas de crédito oferecem vantagens significativas, capazes de resultar em benefícios substanciais para o setor.


Outrossim, as diversas modalidades disponíveis possibilitam atender à crescente demanda por recursos, que desempenham um papel fundamental no ciclo produtivo e comercial no campo. Inúmeros casos práticos confirmam a eficácia dessas alternativas de financiamento para as empresas agrícolas.


Consequentemente, o crédito privado tende a adquirir cada vez mais espaço, consolidando-se como um componente-chave para manter a competitividade e a liderança global do agronegócio brasileiro. Financiamento e investimento caminham lado a lado na sustentação deste setor estratégico.


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